Dia 6 de Maio
Tenho sido portadora de uma saude de aço, felizmente, e orgulhosamente me mantive isenta de todas e quaisquer constipações que faziam dos meus co-moradores fantásmas pálidos e sofredores...Mas agora fui caçada.
Abanhei uma gonsdipasão daguelas gue nhem me bermite balar gomo deve ser, de dão endupida gue esdou....(mas vou vos poupar a parte fonética da desgraça, se me permitem a falta de realismo) Safada, e já com uns vários up-dates, lá me atacou as goelas, e as fussas também, já me tinha esquecido o quanto é bom acordar sem oxigénio, com uma plaina alegremente a aplainar a garganta a cada inspirar, e com o nariz atulhado se ranhoca em diversos estados de solidificação... Ai ai...e eu que tinha que ir a Londres!
Posso dizer com toda a sinceridade que espirrei em todos os lugares importantes de London city...fungando por Camden, rebentando em frente ao Big Ben, chuviscando Saint Paul´s e Westminster Abbey, ribombando séries de espirros sonoros no Millenium Bridge e no Globe Theatre, tremendo as fotos turísticas em frente ao Tower e à Tower Bridge, com a força espirrosa que me balançava...Até mudei de língua, de “Atchim”, para “Hua-Cheng”, enquanto em Chinatown, por questões de adaptação.
Cheguei ao fim do dia com uma dor preocupante num pé, que me impediu de ir ao Gym hoje, que de qualquer modo, como é feriado, talvez estivesse fechado, mas foi muito bom. Acho que para a Catarina, que ia lá pela primeira e última vez durante a sua estadia erasmus, foi bom...London in one day. Comprei mais um côco fresco, e desta ve consegui fazer eu própria um buraco redondo muito profissional nele. Senti-me própriamente rústica, hehe.
O Quin-Li deu me uns remédios chineses, pastilhas para a garganta e uns pacotinhos de pó para dissolver em água, dos quais desconfio muito pois não consigo ler nenhum dos simbolos ou caractéres que explicam o que é. Tomara que não seja lagarto pulverizado. Por causa do lagarto, não porque me meteria nojo, obviamente. Vou agora chupar uma pastilha e já vos elucido.
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As pastilhas são de cereja, muito boas, nada a dizer, agora os pózinhos...castanho escuros, e a cheitarem a Marmite...não sei se todos conhecem, é uma pasta para barrar no pão ou usar na coinha, e o slogan é “You either love it or you hate it”, parece Nutella, mas nada mais enganoso, pois tem um sabor muito forte a...sei lá, Marmite.
Mas depois de dissolvido em água fica uma espécie de chá adocicado, com um tragozinho a feno.
Entretanto ainda fiz uma cura alternativa com salada de couve, que de acordo com uma teoria da minha mãe não só previne como cura as constipações, e facto é que já estou aí para as curvas.
Dia 12 de Maio
Hoje foi a viagem a Cambridge, que fica no traseiro de judas, é uma viagem de autocarro de quatro horas, e para quem já foi a Oxford nem por isso vale a pena, pois é muito parecido. Isto é caricato, pois as duas cidades nutrem uma rivalidade acesa, sendo que em Cambridge Oxford é só conhecido pelo eufemismo irónico de “o outro lugar”.
É uma cidade bonita, claro, mas vive à sombra da universidade, tudo gira à volta de edifícios, livros, trajes, residências, colleges, turismo académicos, parece que não há mais nada na vida. E os trajes de Cambridge são feios, com uma espécie de carapuço revestido a pele branca, que ainda por cima na maior parte dos casos era natural.
Deviam ir ver uns videos da PETA sobre as fábricas de pele na China, onde os animais vivem numa gaiola tamanho A4 toda a vida, e depois são esfolados vivos por pessoas sorridentes, após serem electrocutados via rectal para ficarem zonzos e não espernearem.
E são precisos umas 30 chinchillas para fazer um casaco.
Gostam dos vossos casaquinhos de pele?
Chegámos a Cambridge por volta das 11:30h, e começámos por um passeio pelo rio Cam, em barquinhos, e a fazer “poling”. Poling vem de “Pole”, uma estaca de metal comprida, com a qual o barco é empurrado, mais ou menos profissionalmente, ao longo do rio, que é bastante raso. Iam grupos de seis em cada barco, com uma pessoa a tratar de faer o barco avançar, um posto não isento de perigo, pois é preciso manter o equilíbrio em ciam de uma plataforma de madeira, que pode bem estar molhada e escorregadia, e o pole tem a tendência de ficar preso no lodo ou entre duas pedras e então se não se larga....ou se cai na aguinha imediatamente com salpicos e espectáculo, ou se fica agarrado ao pole, no meio do rio, tipo macaco agarrado a uma banana...lentamente fazendo um ângulo cada vez mais agudo, até à posição horizontal, que acaba, natural e inevitávelmente também no meio humido. No nosso barquinho foram a Camila e a Rafaela, a Heike, a Hannah, a Catarina e eu, adivinham quem se voluntariou para o posto de poler?
É mais difícil do que se imagina, pois não é só empurrar, a direcção também se quer assistida...e os caloiros do poling não fazem senão tristes zigue-zagues, entrecortados de voltas de 180º, airosas mas desnecessarias. Era bastante engraçado ouvir o pessoal que ia sentado guinchar de medo a cada solavanco inesperado...e eu? Ali de pé? Eu é que devia guinchar. Ou então a darem conselhos inúteis...O único que me ajudou foi um da Catarina, que me aconselhou “Steer left if you want to go right”..se algum dia tentarem, lembrem-se. No entanto quando ela tentou nem, por isso se saiu melhor.
A Camila ia sentada com um ar de lady do século XVIII, suspirando “Beauuuutiful...beauuuutiful....isn’t it loooooovely?”, enquanto eu ficava cada vez mais transpirada. Quando troquei com a Catarina lá percebi o que ela queria dizer, pois realmente o rio serpenteava entre relvados e salgueiros pendentes, por entre os colleges ancestrais, de uma forma muito pictoresca. Uma chuvada muito súbita e torrencial acabou por borrar um bocado a pintura do tal quadro pictoresco, mas que me estragou mesmo o dia foi encontrarmos um pintaínho de galinhola, a boiar quase afogado, sem mãe por perto, que obviamente tive de pescar e secar, mas que depois de me causar imensas preocupações, e recuperar bastante bem, acabou por morrer, pois recusava-se a comer, e como era fim-de-semana, não o consegui levar para a instituição adequada suficientemente depressa...Era tão pequenino e felpudo e feio...coitadinho.
Antes de começarmos o nosso passeio de barco eu ainda tinha dito que se houvesse alguém, entre as 40 pessoas que iam, que caísse à àgua, haveria de ser eu. Devia antes ter dito que se houvesse alguém entre as 40 pessoas que acabaria o dia com um pinto moribundo debaixo da camisola, que seria eu.
Olha, querem o quê?
A seguir tivemos uma hora livre para o almoço, e depois fizemos uma visita guiada, que no entanto foi tão semelhante à de Oxford que até tenho preguiça de descreve-la.O ponto alto foi quando a senhora que conduzia a visita teve um ataque de irritação na garganta, daqueles que é só umas picadas secas que trazem as lágrimas aos olhos, e que por mais que tussamos não há maneira de irem embora. Claro que isto não é engraçado em si, engraçado foi o facto de ela tentar determinadamente continuar a falar, e saía-lhe uma vozinha de rato tão terrivelmente hiariante que tive de me afastar uns passos, pois ia parecer mais que má educação estar me ali a descascar a rir da desgraça alheia.
De resto, mais alguma informação trivial: O edifício mais antigo de Cambridge é o St.Benedicts Tower, que é do tempo dos Saxões, antes da batalha de Hastings, e tem cerca de 1000 anos de idade, mantendo-se firme e sólido.
O mais antigo dos colleges de Cambridge é o Peterhouse, que foi fundado em 1284, por um tal Hugo Belchamp.
Trinity college, o maior college da cidade, fundado por Henrique VIII em 1546 produziu sujeitos tão ilustres quanto Isaac Newton, em honra do qual cresce uma macieira, importada da sua cidade natal, em frente à entrada principal; W.M.Thackeray; Lord Tennyson, e também Sacha Baron Cohen, mais conhecido como Borat ou Ali G...
São 80 os vencedores de prémios Nobel provenientes de Camebridge. Quantos terá Évora? ;))
Dia 13 de Maio
Hoje fui com a Claire a Cribbs Causeway, um centro comercial grande, a cerca 45 minutos de autocarro daqui de Hodgkin House. Precisavamos achar uns sapatos elegantes, para combinar com o tailleur dela, e uma camisa branca, pois ela tem uma entrevista importante amanhã, que decidirá se ela vai para o Japão já com trabalho, ou se vai como desempregada à procura de ocupação...espero que tenha sorte. Acho que pelo menos as referências e competências necessárias tem.
Os sapatos foram uma dor de cabeça, pois a menina embora pareça uma fada, tem joanetes terríveis, e nada serve. Para além do mais ela precisava de sapatos de salto, mas um salto comfortável, e só queria era sapatões com uma altura quase pornográfica, com os quais não conseguiria dar um passo sem se desequilibrar e cair para cima do seu potencial chefe, coisa que de certeza lhe valeria o emprego, mas que no entanto seria de miserável profissionalismo. Lá conseguimos um compromisso mais ou menos calçável, e uma camisa também, o cabelo é que não sabemos muito bem. Vamos daqui nada experimentar uns penteados, e se eu fôr bem sucedida isso implica a minha presença e dons de cabelereira pelas 5 da manhã de amanhã, tomara que a essa hora eu já consiga fazer algo de jeito. Ninguém vai empregar uma pessoa que parece que usa um Sunday em cima do cocoruto.
3 comments:
Tamem tenho andado doente... Deixa lá, cházinho cura tudo! E isso dos videos da PETA ja tenho visto, foi esse um dos motivos que me levou a tentar tornar-me vegetariano. Tentativa que meanwhile já foi meio por agua abaixo...
Pois...depois falamos sobre isso de ser vegetariano. Acho que faz mais sentido optor pela carne de criação organica, leia-se as galinhas lá da quinta, do que ir ao extremismo.
Ainda por cima se não foste educado assim, e gostas de cozinhar...
Penso que extremismo seria veganismo, não considero o vegetarianismo assim tão extremo. Mas sim, a essência da questão é mesmo a produção industrial de carne ao invés da criação extensiva, leia-se as galinhas lá da quinta. Voltas quando pró cantinho miserável da Europa? A ver se te escrevo a carta antes disso, realmente... :$
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