Monday, 19 March 2007

Psicoses...

TENHO UMA MEIA SOLITÁRIA!!!

Como é possível? Sou uma pessoa, num quarto minúsculo, lavo a roupa, e no espaço de duas horas está de volta às gavetas, como é que isto aconteceu? E até verifico sempre as máquinas antes de sair...não fique alguma coisa agarrada às costelas do tambor, especialmente cuecas, Deus me livre!

É preciso esclarecer que desde sempre tenho paranóia com meias...venho de uma família com meias pouco organizadas, usadas obstinadamente por toda a família, e lembro-me de existir sempre um caixote com uns dois quilos de meias sem par, de todas as qualidades, que de 8 em 8 meses era e é despejado em cima do sofá, para então se proceder a uma espécia de “Memory”, o jogo de achar os pares. Infelizmente os pares achados são sempre umas meias coçadas, com buraco no calcanhar, esquecidas por alguém que anteriormente as comprara na feira, a 1€uro o pááááár, é só escolheeeeeer. Meias que dizem Hike e Adadas, têm meras reminiscências de elasticidade, e são chamadas, no calão da minha família, “da Schlaberroff”. (Schlabbern, em alemão quer dizer abanar, de uma forma laça). Nada era pior do que levantar de manhã, verificar que o irmão mais novo que entrava às 8:30 tinha levado o último par de meiazinhas apresentaveis, e ter de se ir fazer educação física com umas meias da schlaberoff, o que obrigava a que se mudasse de ténis dentro do cubículo da casa de banho, para os colegas não verem.

Na caixa das meias sem par nunca se acha a irmã perdida daquela peúga preta da Hugo Boss, que ninguém sabe de onde apareceu, mas que tem um elástico que até corta mui satisfatóriamente a circulação, e em caso de necessidade pode ser usado como fisga para caçar alimento. Essa desapareceu pelo portal secreto, dentro da maquina de lavar, e encontra-se a nadar alegremente no Lethe das peúgas, num universo paralelo, juntamente com as inúmeras canetas baratas e ganchos para o cabelo que têm por hábito seguir o mesmo caminho.

E agora aqui também...

Quando fôr rica, ou menos pobre, pelo menos, hei de comprar uns 100 pares de meias excelentes, absolutamente idênticas umas as outras, para dar para as emparelhar de todas as maneiras, e haverá pena de tortura para quem as fizer desaparecer. Pois, porque o grande problema também são os espíritos liberais que depois calçam duas meias não iguais, mas semelhantes, destruíndo assim o ciclo de perdidos e achados, e provocando o cáos universal.

Pronto. Ficam pois sabendo.

E também tive um porco do Vietnam chamado Jacky, que rebentava com as portas todas lá em casa, e depois comia da saca da comida dos cães. Acham que a vossa família é fora do normal?

Saturday, 17 March 2007

Oxford

Hoje foi dia de Oxford, que literalmente quer dizer “ponto raso no rio, por onde passam os bois”, mas mais poéticamente “City of Dreaming Spires”, como também lhe chamam…Cidade que juntamente, ou antes, em disputa com Cambridge é a mais antiga Universidade da Grã-Bretanha, tendo sido reconhecida oficialmente comon tal em 1231, após os franceses se terem fartado de estudantes ilhéus bezanas, a vomitarem pelas ruas de Paris, suponho, e os terem expulso de lá por volta de 1100. Os séculos passam, mas as pessoas não mudam.

Nesta cidade, terreno para a instituição de uma Universidade estava preparado através da existência prévia de instituições religiosas muito desenvolvidas, de modo a que a Universidade, ainda hoje, na sua disposição e tradição, tem muitos aspectos que lembram mosteiros. É constituido por 39 colégios diferentes, com nomes como Magdalen College, Balliol College, Merton College, New College, tendo sido reformado pela acção de Henry VIII, que dissolveu as instituições clericais, após se ter assumido como representante máximo da igreja em Inglaterra.

No século XI e XII a Universidade de Oxford era reconhecida pelos seu curso de direito e estudos legais ,as também estudaram lá nossos conhecidos em outras áreas, tais como Jane Austen, J.R.R.Tolkien, William Golding, Lord Byron e Bill Clinton, last and least.

Começamos o dia com um passeio guiado pela cidade, do qual extraí estas informações, ou pelo menos maior parte delas, e ficámos com a tarde livre para explorarmos a cidade à nossa vontade.

Eu e a Catarina começamos pelo mercado, passando depois pela sessão fotográfica em frente de todos os edifícios impressionantes que o guia nos tinha mostrado, incluindo a sala que serviu para fazer as filamagens da sala de jantar dos filmes do Harry Potter, onde infelizmente não pudemos entrar, e depois o edifício mais antigo da cidade, o St. Michaels Church Tower, que foi construído no tardio periodo saxão, em cerca de 1040. A dada a altura, a torre fez parte da prisão de Bocardo, onde ficaram encarcerados os cardeais Latimer, Ridley e Cranmer, que recusavam converter-se ao Catolicismo. Um pouco mais tarde, foram então carbonizados vivos em praça pública pela nossa estimada Bloody Mary, católica não só ardente, como também queimante...

Tem se uma vista muito bonita sobre a cidade, do topo da torre, e também sobre a rua principal, onde está a maior parte das lojas e também uma fervilhante colecção de artistas de rua, desde putos com guitarras até pequenas bandas e vendedores de balões gigantes/ papagaios de papel em miniatura (que voam mesmo). Se quiserem ver um exemplo, eu trouxe um folheto de uma das bandas, que eram quatro miúdos dos 8 aos 16 anos, os “4-beanies”, podem procurar na net.

Comemos as nossas sandes, que traziamos de casa, pois estamos em low-budget, e depois fomos ver o Ashmolean Museum, que por jeitos é um dos mais conhecidos museus ingleses depois dos de monstros incomparáveis em Londres.

É um museu abrangente, se bem que não demasiado grande, tendo uma grande variedade de arte-factos e arte-argumentos, desde estátuas da antiguidade greco-romana, e do antigo Egipto, passando por arte renascentista italiana, arte do século XX, e mesmo algumas coisas dos “meus” Pré-Rafaelitas. Os quadros que gostei mais foram um do John Everett Millais, chamado “The return of the Dove to the Ark”, e dois retratos de crianças, um por Sir Joshua Reynolds e o outro por Lord Frederic Leighton. Muito impressionante também a colecção de violinos Stradivarius, e mesmo uma guitarra construída pelo mesmo lutier, que é uma das únicas quatro que são conhecidas no mundo inteiro. Também havia lá uma guitarra construída por um compatriota, um tal António dos Santos Vieyra, mas eram todas bastante diferentes das actuais, tendo entre outras a particularidade de o buraco redondo na caixa de ressonância ser totalmente preenchido por um rendilhado esculpido em madeira, em forma de funil côncavo.

Tivemos uma sorte incrível com o tempo, pois embora a previsão metereológica nos ameaçasse com frio e mesmo a possibilidade de neve(!!!) fez um sol lindo, com uma brisa fresca, para dar dinâmica às fotografias, agitando cabelos e lenços da maneira mais irritante (20 fotos com mão à afastar a franja, cabelo no olho, sacudidela de cabeça, ventinha tapada, cordão da câmera a frente da objectiva, cara de frustração e pose forçada por demora demasiada).

Incluido no preço, etava ainda um chá das cinco, com bolachinhas, numa sala quentinha. Foi muito bom, uma caneca de chá bem quentinho e com muito leite até faz nascer uma alma nova, é pena é que não nascam também umas pernas novas, pois as velhas estavam, por esta altura, completamente obsoletas. Já agora, se estou a encomendar: vinham umas mais torneadas e com a depilação a laser, definitiva, já feita, sff.

Na viagem de volta, fomos a apreciar umas almofadas anti-stress em forma de chouriço-em-U para o pescoço, que comprámos por £5, eu andava morta e aflita por ter uma desde que as apalpei pela primeira vez em Bristol, e após o método de espera ter dado positivo, lá me mimei. O método de espera é um método de poupar dinheiro: quando se gosta de qualquer coisa, não se compra logo, espera-se uns dias, e se não saír da cabeça, é porque vale a pena. O pior é se depois esgotou ou nunca mais se acha. Nesse caso: *weep*.

Não me sai é da cabeça um rapazinho que vimos lá na rua principal, que tinha perdido os pais, e estava desesperado. Já estava a ser ajudado por uma senhora muito amável, mas até me doeu o coração só de ver a aflição da criança. E eu não sou o tipo de rapariga que não pode ver um puto sem se derreter e se transformar numa coisa pegajosa a transbordar instinctos maternais, cá para mim não sinto necessidade nenhuma de aturar os filhos chatos dos outros. Salvo raras excepções de crianças encantadoras, que as há, há. Mas como é que os gaiatos nesta situação não sabem que OBVIAMENTE o pais o vão achar? Tanto pânico superfluo... Mas lembro-me de sentir a mesma angústia quando me perdi no Jumbo, olhei para cima para falar com a minha mãe, e não era ela...o mundo ruiu à minha volta. Atenção, isto há uns 17 ou 18 anos, não recentemente! E que pai estúpido, que larga assim o miúdo no meio da rua e nem dá logo por isso...vinham do McDonalds, e iam jogar Snookers, e o menino aos 4 ou 5 anos já tinha um brinco na orelha...deve ser mesmo aquele tipo de pais. Não acho jeito nenhum furarem as orelhas aos pequerruchos, não acho que seja opção dos pais esburacar os filhos antes de estes terem opinião, e digo isto para rapazinhos tanto quanto para meninas...aquelas bebés com meses de idade e brincos de ouro....bah!

Agora vou escrever uns postais, que é a minha vida, já mandei uns 20, e só uma pessoa dessas todas me retribuiu fora do universo virtual da net: a Lena, com um postal com quatro porquinhos. Acho que vou começar a enviar postais por net também, seus ingratos! Sim , é para ti! A carapuça serve a quem a enfia! The hood fits him who puts it on! É engraçado traduzir as expressões ideomáticas à letra: “Taking parsnips out of a tin cup!”... “Making a little cow”....

E o português do Brasil tem realmente mais diferenças do português continental do que pensamos. È que nós papamos toda a vida com as telenovelas da globo, mas eles com o nossa variante, têm bem menos contacto, a Camila as vezes não me entende: Fato não existe, senão significando “facto”, senão diz se paletó...a palavra “giro”, não a conhecem, Fato de banho=Maiô, Palhinha=Canudjinho, um sítio=um lugá...e eu não fazia ideia o que era “paqueirar”. É flirtar, ficam pois sabendo. E ainda bem que vi “A Casa das 7 Mulheres” senão nunca teria ouvido a palavra “Guri”. O efeito das telenovelas na comunicação internacional, hein?

Só mais uma coisa que tenho a dizer por hoje: Sobre os pombos, que tanta gente odeia, chamndo-lhes uma praga, as ratazanas aéreas, etc. Acho bem. Estamos numa boa posição para falar, afinal o raio dos pombos estão a poluir a terra com monóxido de carbono, e resíduos nucleares. Provocaram também o buraco no ozono e lançaram as bombas sobre Hieroshima e Nagasaki. Os pombos, vis criaturas, deviam ser exterminados! Só fazem mal! Estão a destruir a floresta amazónica a um passo fulminante, desequilibrando o clima mundial. É por causa do raio dos pombos que milhares de raças de fauna e flora se encontram em vias de extinção, ou já se extinguiram, ou se extinguem às dezenas, todos os dias! Praga do caraças, que daqui nada não se pode aqui viver por causa destas pestes! Morte aos pombos!

Morra, Columbidae, morra, PIM!

Friday, 16 March 2007

Gaivotas barulhentas e cão assado

Sexta-feira, dia 16 de Março

As Gaivotas têm um pacto, hão de conseguir estar pelo menos três vezes por semana em cima da chaminé direita do Hodgkinhouse, entre Janeiro e Junho de 2007, e hão de ensaiar para o terceiro Seagulls Search for Superstars, rindo a bandeiras despregadas entre as actuações, enquanto esvoaçam à frente da janela nº314. Esta parte é muito importante, tem que ser essa janela, senão não conta pró curriculum gaivotae. No outro dia faltaram duas, que estavam roucas, e vieram reforços de Liverpool, para que eu pudesse disfrutar da minha dose diária de Wuáháháhágrbl- Háwuuuáháhá-screeetch-huá, *cocó*, há-há. Acho que prefiro os outros três dias em que os melros cantam, e até a quinta-feira, que é dia de virem despejar o vidrão, e juro que o sujeito que o faz é sádico, pois às oito horas da matina diverte-se, sorrindo maliciosamente, imagino, a deixar caír cada garrafa duas vezes, no mínimo, para dentro do contentor.

A anedota do dia é que o Calvin aparentemente foi pedir à Pam para ser re-enquartado enquanto o Filipe cá estivesse, pois fazemos muito barulho...eu nem sei se hei-de rir, se hei-de ficar chateada com ele, mas verdade é que toda a gente sabe que ele é a pessoa mais barulhenta de toda a casa! Pessoas mudaram de quarto por causa dele! Eu acordo ao som das cantorias dele todos os dias, quando não está a falar, perdão: a gritar ao telefone. É o cúmulo. E acho que teve uma bruta de uma briga com o Luigi, ontem, a Camila, que estava aqui na sala de convívio à espera que eu acabasse de jantar, ouviu-o barafustar que o italiano era um “SELFISH BASTARD” cerca de 100 vezes. Ele repete tudo no mínimo três vezes, quando lhe sobe o mau feitío então, parece um boneco a pilhas maluco, em loop infinito. Possívelmente terá razão quanto ao que diz, mas acho que não é aos gritando à mais pequena coisa que se resolvem problemas.

Ah, e tenho mais umas curiosidades culinárias para contar: estavamos no outro dia a falar sobre comer carne de porco ou não, uma vez que os muçulmanos não a comem, e disso passámos para comer polvo – que para algumas pessoas foi como dizer que comia alforreca com manteiga de amendoim, ficaram enojados, - para comer cão. E tanbém temos cá um que come, o Trung, um vietnamita que trabalha no Domino’s e traz sempre pizzas excelentes para o pessoal. Mais curioso que isso é o facto de que isso nem por isso o impede de ter um cão, um chihuahua, salvo erro, como animal de estimação. Bom, mas nós na realidade também temos coelhos como animais de estimação, e nem por isso deixamos de comê-los...na realidade, onde está a diferença?

Outra coisa foi uma especialidade que conheci, mas que prefiro nunca mais ver, aliás, cheirar, na vida! Entrei na cozinha, onde se encontrei o Mohammed, desesperado e de nariz torcido, a abrir todas as janelas para se livrar do cheiro a animais mortos e podres que era nauseabundo...procurámos por todo o lado pelo rato morto que supunhamos entalado no aquecimento, ou qualquer coisa assim, até sermos elucidados por uns chineses de que se tratava do cheiro a shrimp sauce, molho de camarão que tal como o molho de peixe que usam em tudo, e feito a partir de coisas mortas e fermentadas. Não sei como não se morre, comendo se aquilo, mas que nunca mais me venhm com a conversa do bacalhau que cheira mal! Nem certos queijos se aproximam daquilo, é mesmo exepcionalmente fétido.

E já que falámos de ratos, no outro dia ri-me tanto do Imran, estavamos a falar de qualquer coisa e eu de repente perguntei-lhe se ja alguma vez tinham tido ratos em casa dele (eu já tive, foi bastante cómico para os gatos, que passaram a ter carta livre dentro da cozinha, mas não para a minha mãe, que andava danada com as coisas que apareciam roídas) e ele faz me uma cara de grande espanto, e responde: “O que queres dizer, se já tivemos?” (eu pensei: chiça, nem no Paquistão, que vergonha, o que eu fiu dizer, há de pensar que sou alguma cigana) .... “Temo-los sempre!”...

Na Quarta-feira fiu jogar Volley, com a Camila e ela deslocou logo o dedo, só eu é que nunca me aleijo, deve ser a fibra alentejana, vaso ruim não quebra...Foi muito divertido. Para a semana vamos outra vez, a equipa é lá dotrabalho dela, um restaurante português chamado Nando’s, logo eram quase tudo brasucas, e também vamos começar a ir ao ginásio, atrasou-se tudo um pouco, pois houve um problema com o sprtspass dela, que nos obrigou a ir falar com o director do Sportscentre, muito charmosamente, para que ele fizesse uma excepção para ela, pedido ao qual ele obviamente não resistiu.

També, ainda vimos um concerto de um grupo de metais (acho que é assim que se diz, tubas, trompetes, saxofones, trombones, cornetas...) chamado os horns stars, ou será que era horny stars?, espero que não. Bom, vou drumiiiiir, que amanha vou a Oxford e preciso de estar fresca, nem que seja para conseguir fixar as coisas, para vos contar como foi!

Sunday, 11 March 2007

Jazz, Sport, Salisbury and Stonehenge!

Dia 7 de Março

Hoje conseguiram convencer-me a ir a um Jazz evening, organizado pelos “Friends of Hodgkin House”, mais um evento envolvendo idosos e igrejas, pois realizava-se em St.Mary Redcliffe Church, que alegadamente foi considerada pela Elisabeth I como “the fairest church in all of England”. E realmente era um edifício muito bonito, muito gótico e vertical, com uma torre do mais bicudo que há, e não nos pudemos queixar, uma vez que os friends pagaram as nossas entradas, bebidas e até bolinhos, ainda não descobri a razão pela qual nos tratam tão bem.

No momento que concordei em ir, tinha-me temporáriamente esquecido que não aprecio Jazz, aliás, qualquer música sem voz tem um efeito um pouco soporífero sobre mim, ao fim de alguns minutos, mas pensei que também não faria mal nehum ao meu gostinho perdidamente main-stream mudar um bocado de banda sonora. Sabem que eu secretamente gosto de ouvir Robbie Williams e até Shakira? Mas psiiiu, até fica mal a namorada de músico dizer isto.

Enfim, era um quinteto absolutamente ancestral, pelo menos três dos membros pareciam estar prontos para esticar o pernil assim que providenciados com uma razão mais ou menos legítima, mas esta aparência fragilizada revelou-se enganadora: Rouquejaram umas palavras roufenhas de boas vindas para dentro do microfone, e quando pegaram nos seus instrumentos é que foi!

Pareciam electrizados por uma força rejuvenescedora que sacudia as velhas carcaças com uma genica divina, os pés batiam um ritmo determinado, e todos os instrumentos o seguiam, independentemente de aparentarem ser de antes da primeira guerra mundial ou não.

Foi fantástico, o Trompetista inchava uma bochecha como se tivesse um triângulo de Toblerone lá dentro, inserindo todo o tipo de objectos dentro do tubo do trompete, (latas, garrafas, troncos de madeira,uma peça que parecia um desentupidor de sanitas - já era práticamente violação instrumental ), quando não tocava uma corneta inglesa; o baterista fazia brakes e paragens sem se atrever a saír do tempo estalado pelos dedos dos outros, o clarinetista saltava entre clarinete e saxofone, o pianista fazia jus à sua relativa juventude (aos 60 era a criança do ensemble) torturando o piano escala acima, escala abaixo, sem dó nem piedade, e o dono invisível do Contrabaixo enorme, escondido atrás do seu instrumento, dedilhava com uma determinação feroz.

Tocaram várias músicas, mas como eu não conhecia nada e percebia mal o idoso, que assim que largava o trompete para anunciar o programa, minguava e voltava a ficar mirrado e sem voz, só posso reproduzir os fragmentos que entendi: Dixieland...Baby I want you, please come home .....Don’t get around much anymore...Louis Armstrong: Swing that music...Miss Brown....Jerry Smithy: Bernies Tune...Julie London: Cry me a river...entre elas. E até uma chamada “Deep Purple”, mas que, e passo a citar “Has nothing to do with that terrible POP band...”

Eu gostei mais da “Cry me a river”, que acrescentou um sexto elemento à banda: uma simpática senhora com dois queixos, totós, e camisa abotoada até meio do segundo queixo (sinceramente, parecia a mãe da ugly betty), mais plain e simples era difícil, mas que cantava que era um mimo, muito lindo mesmo. Afinal quem precisa de divas decotadas em vestidos de veludo?

Sexta-feira, dia 9 de Março

Cometi uma loucura e comprei o Sports-pass, por uns terríveis GNURBLIGNURBLI pounds!

Até cheguei a casa em fraqueza, mas a Gina de imediato me fez sentir melhor, pois ela estava em fraqueza também, entornada por cima do sofá, a batalhar com a incrível realidade de uma conta de telemóvel de 70pounds...eis as verdadeiras despesas inúteis!

Tomei a decisão de o fazer após fazer as contas e chegar à conclusão que me fica mais caro ir jogar basquete a Easton todas as sextas, de autocarro, pois Deus me livre se eu voltava a andar a pé por aquela zona após anoitecer, e então mais me vale poder fazer tudo aqui na universidade, e voltar para Portugal com o abdominalzinho tipo caixa de ovos e um rabo capaz de partir nozes.

Comprei ao mesmo tempo que a Camila, a minha nova amiga brasileira, e assim puxamos uma pela outra. Ela é uma querida, com o seu sotaquezinho brasileiro, fomos ver as instalações e a piscina, e ela insistia que precisava de óculos, pois diz que “eu não abro meu olho dibaixo d’água, dói!”, ao que eu me fiquei a rir durante um bom bocado, de uma visão tipo ciclópe, com um olho só...

À noite eu e a Gina fomos a uma festinha de uns amigos do Imran, mas não ficámos muito tempo, pois era uma seca, saímos e fomos ter com o Lukas a um barzinho em Parkstreet, mas a música era abominável, e fomos antes para casa comer sandes de atum, e rir às gargalhadas a ver uma senhora sensual paquistanesa, precisam de ir ver isto ao Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=RR-usBlPC1w É absolutamente impagável!

Muito ao contrário do raio do Trainspotting, é preciso um tradutor para ler aquela porcaria, leiam lá em escocês de rua... deixem-me transcrever-vos um bocado: “The perr cunt behind the bar’s shitein hissel, no kennin whit tae dae. (...)Aw books n aw that fuckin shite ur fir is fir smart cunts tae show oaf aboot how much shite thuv fuckin read….” 344 páginas disto. Não é o máximo?

Sexta-feira, dia 10 de Março

Stonehenge and Salisbury...ou melhor vice versa!

Partimos às 9:30, chegando à Catedral de Salisbury às 11:30, onde nos esperava um guia voluntário, um senhor velhinho, cuja paixão era muito óbviamente aquela catedral, na qual trabalhava à 40 anos, e a sua arquitectura. Já por fora o edifício é enorme, ostentando a torre mais alta de todas as igrejas em Inglaterra, que foi acrescentada posteriormente à construcção do resto da nave (que começou a ser cosrtuída por volta de 1220), e que tem trazido alguns problemas pois aumenta significativamente o peso, de modo que os pilares no interior afundaram cerca de 15cm, e parecem quase vergar, vê-se uma curvatura nítida, para além de terem sido acrescentados arcos invertidos para impedira a estructura de rebentar pelas costuras, passe a expressão. Não inspira muita confiança, especialmente se acrescentarmos que basta levantar uma laje do chão para conseguir tocar na água, que fica a 50cm abaixo do chão do edifício, que foi construído por cima de o leito sedimentado do rio, com uns fundamentos ridículamente rasos. Parece que é o puro peso que mantém aquilo no sítio. Ostenta também os maiores claustros de Inglaterra, e por dentro ainda parece crescer em altura, com grandes vitrais e cheios de curiosidades, como por exemplo uma pedra com uma cova do tamanho de uma taça de cereais, feita pelo consecutivo bater cerimonial de cabeças de meninos de coro contra ela. É tipo praxe, quando entram no coro, vá de cabeçadas na pedra até chorarem...vá-se lá perceber. Outra curiosidade é o túmulo de William Longespeé, meio irmão bastardo de Richard I, que morrera “misteriosamente” após chegar, tipo Ulisses, de uma guerra em França, para encontrar a esposa rodeada de pretendentes, e em cujo crânio encontraram, centenas de anos após a sua morte, um rato morto por envenenamento(arsénico), comprovando-se assim o seu assassínio. Papou o cérebro errado, aquele ratinho, hum?

Também ainda vimos um dos 3,5 exemplares da Magna Carta (1215) que subsistem ao tempo, este documento que é um dos pilares da democracia moderna, e um passo importante para a lei constitucional como a conhecemos hoje, estabelecendo os direitos dos civis e limitando o poder do rei, sendo também a base de documentos como a constituição dos EUA e a Bill of Rights.

E então o grandioso Stonehenge...Que é um bocado como a Mona Lisa, uns ficam desiludidos porque é mais pequeno do que pensavam, outros ficam maravilhados porque acham enorme. Eu confesso que não sou muito espiritual, e o fantástico dia de sol com céu azul (verdade!) também não ajudou o misticismo tanto quanto umas brumas cinzentas teriam, mas certo é que algumas pessoas o sentiram, mas eu nem por isso. Fiquei entusiasmada, mas mais pelo tamanho gigantesco dos pedregulhos, do que pela aura arturiana, dá-me que pensar como os puseram de pé, mais do que me dá que pensar porquê. A minha mãe está convencida de que foi por telekinese.

A Heike, com quem já tinha ido a Cardiff, estava toda espiritual, dizia que o sítio definitivamente tinha algo...

Sou uma materialista aborrecida. Gostei muito da relva. Os ingleses e as sua relva. E chá.

Mas é definitivamente impressionante pensarmos que este sítio é um lugar ritual há cerca de 5000 anos, altura da qual remonta a primeira cova circular, tendo as pedras sido eregidas uns 1000 ou 1500 anos mais tarde. O que seria? Para quê?

Será que Merlin teve alguma coisa a ver com isso?

Sunday, 4 March 2007

Serão japonês e Cotswolds

Dia 28 de Fevereiro

Hoje foi o Japanese Evening, um serão muito interessante, onde tudo girava à volta do Japão. Eu no início nem sequer ia, mas acabei por decidir que não devia perder a oportunidade de aprender um bocado mais sobre essa cultura...

Fiz um penteado temático com dois pauzinhos de comer, que foi um sucesso, para além de me garantir que não teria de procurar talheres, para atacar a substância nutritiva, assim que ela aparecesse no meu ângulo de visão.

Comeu-se Sushi, mas uma versão soft, com atum enlatado e salmão fumado, de modo a que mesmo os caloiros do peixe cru nada tinham a temer, e não só o comemos, como também aprendemos a fazê-lo, enrolando arroz pegajoso especial, legumes, pickles e peixe numas folhas de alga preto-esverdeadas, com ajuda de uma esteirazinha de bambu, que se enrola à volta do sushi propriamente dito, para que fique bem redondinho.

Também havia uma sopa de miso com algas e tofu, e um cozido, e a sobremesa eram uns dumplingzinhos maçudos, rebolados em farinha de soja que sabia a amendoim.

Não houve nada que se comparasse com os horrores culinários que experiênciei no outro dia em Hodgkin House, quando estava um casal chinês a comer uma taça cheia de umas coisinhas acastanhadas, que despertaram a minha curiosidade, aproximei-me e ofereceram-me imediatamente uma....pata de galinha! Com todo aquele aspecto de calo encarquilhado, (visão pertubadora: pé de sem-abrigo após duas horas de banho), rebentavam entre os dentinhos ávidos dos comentes revelando um interior gelatinoso, do qual só sobravam uns ossinhos...O meu horizonte restricto não me permitiu deliciar-me com tal iguria.

Fez-se imenso Origami, só se via era pessoas frustradas debruçadas sobre bocadinhos de papel amarrotados, a pingarem suor internacional, e a pedirem ajuda às meninas da associação japonesa. É mais difícil do que parece, e fiquei muito orgulhosa da minha pequena garça cor-de-rosa, que agora vive no meu pin-board, e que me custou muita língua entre os dentes e várias dezenas de rebuçadinhos japoneses, azuis e brancos, em forma de bolinhas verrugosas.

Também experimentei um kimono, e aprendi que não há acentuação na língua japonesa, todas as sílabas têm valor igual.

Em suma, um Arigato muito grande aos organizadores, foi muito giro.

Dia 1 de Março

Eu e a Catarina tinhamos decidido ir ver a palestra do Elvyn do BISC, sobre a escravatura e Bristol, por ocasião do bicentenário do acto de abolição, que se comemora agora em Março, mas foi um fracasso. Era no rabiosque do besugo, por assim dizer, e demorámos imenso tempo a chegar lá. Quando finalmente chegámos, com um grande atraso, ninguém nunca tinha ouvido falar de uma sala de conferências chamada Waddelow Hall, nem um taxista...Finalmente, já passavam 25 minutos do início da coisa, irritei-me, e enfiei-me por um estabelecimento eclesiástico a dentro, com as palavras “São da igreja, têm obrigação de praticar o amor ao próximo, e ajudar-nos!”...Subiamos as escadas com determinação, quando a Catarina de repente descobre a pedra filosofal: “Bem, de acordo com a tua teoria da igreja por detrás de tudo, na volta é aqui!”...

Haverá necessidade de dizer mais?

“Waddelow Hall”...pfffffffff....associação da nova igreja de Deus, é o que é.

Apanhámos um restinho da palestra, mas nada de memorável, e por causa disto tudo cheguei atrasada à minha aula!

Falei mais tarde com o Elvyn, e ele confessou que não tinha estado nada à vontade, pois na primeira fila estava um perito na matéria, que ainda por cima era descendente de uma das famílias riquíssimas cuja fortuna provém toda deste negócio sujo, e que ainda hoje defende que perderam muito dinheiro, e que as coisas não eram como são hoje, e só faltou dizer que até fazia sentido ter escravos...

Dia 2 de Março

Sandochas no BISC, após duas horas de Contemporary British Cinema, afinal vou fazer uma apresentação sobre “Trainspotting”: o livro e “Trainspotting”: o filme, numa abordagem de literature on screen, e para isso já comecei a ler o livro que infelizmente está escrito em sotaque escocês, de modo a que tenho, por vezes, que fazer uma leitura fonética, para ver se chego lá...E só tenho duas semanas, pois o resto do pessoal escapuliu-se todo, e com desculpas esfarrapadas conseguiram todos só apresentar depois das férias da Páscoa...E sobra a parvalhona de serviço, para iniciar a festa, vulgarmente conhecida por Luisa.

Esta temática, vinda no encalço do outro livro que acabei agora de ler, “A Million Little Pieces”, torna-se um bocado mórbida, especialmente considerando que nunca sequer toquei em drogas de qualquer tipo, chiça, nem bebo café, logo não preciso de exemplos dissuasivos.

Passei a tarde com a Judith, pois tinhamos combinado ir jogar basquete, mas a partir da semana que vem vou passar a ir de autocarro, pois o pavilhão desportivo fica a uma boa hora a pé da Universidade, numa parte um bocado chungosa da cidade, e sendo que jogamos entre as 18:30 e as 20:30, está noite cerrada.

Foi muito bom voltar a jogar, já desde o 12º que não pegava numa bola, e tinha me quase esquecido o quão entusiasmante pode ser. São equipas mistas, 7 rapazes e cinco raparigas, e a melhor é sem dúvida a Christina de Nova Yorque, deve lhe estar no sangue.

Produzi muitas endomorfinas, e cheguei a casa rebentada e encharcada que nem um pinto, pois começou a chover bastante, e ainda continuo sem possuir um guarda-chuva...Uma coisa garanto: se fizer os seis meses de Inglaterra sem guarda-chuva, nunca mais compro nenhum!

O que custou foi depois na manhã seguinte, rebolar da cama às 7:30, ao Sábado!, moída e amarrotada, nem conseguia pôr um pé à frente do outro, e rastejar parecia uma opção razoável para apanhar o autocarro para os Costwolds, às 9 da matina. E ainda dizem que o desporto é saudável...

Dia 3 de Março

Por detrás do nome estranho de “Cotswolds”, esconde-se uma realidade simples, se bem que encantadora, “Cots” eram os abrigos de pedra, para as ovelhas, e “Wolds” são montes suaves... Isso toca logo em dois pontos característicos: A topografia do local, que é ondulado, para além de verdejante, pitoresco e muito típico das descrições campestres inglesas; salpicado de muros de pedras empilhadas sem uso de cimento, e as ovelhinhas, que produzindo excelente lã, foram o factor primário de prosperidade desta área, na idade média.

São, de resto, diferentes das ovelhas portuguesas, tendo uma lã muito mais comprida, que parece mais cabelo, mas daquele que traria pesadelos a qualquer mulher, e milhões à industria de produtos para o cabelo, da qual já tantas de nós são vítimas, incluindo aqui a yours truly. É triste dizê-lo, mas vou a correr comprar tudo o que a TV anuncia, na esperança de milagres sedosos, balançantes, esvoaçantes, brilhantes, desiludindo-me sempre. Devo ter uma inteligência muito básica, pois está provado que até ratazanas e porcos aprendem pelo método de erro e consequência...Não cintila nem ondula, atirando raios ofuscantes, nem nunca vai: mentaliza-te!

“The Cotswolds” é portanto o nome de uma região, como “Alentejo”, e abrangem vários destritos, alguns dos quais fantásticos de pronunciar: Oxfordshire, Gloucestershire, Wiltshire, Somerset, Warwickshire, e Worcestershire. Glóstacha, Uíltcha e Uústacha...

Começámos a nossa visita pela Villa romana de Chedworth, decoberta em 1864, que é dos melhores testemunhos da presença romana na Inglaterra, mas que a comparar com coisas que temos em Portugal, não é assim tão impressionante...

Impressionante é aquilo que dá para descobrir acerca do modo de vida dos romanos, a partir dos bocadinhos arqueológicos que nos sobram, como por exemplo o facto de terem aquecimento central, ou mais correctamente, um hypocausto, (hypo=por baixo, kaiein=arder, fogo), que funcionava fazendo o ar quente de uma fornalha circular debaixo do chão, numa espécie de cave. Isto para além de termas com banhos turcos e sauna e um sistema de esgotos e sanitas...É triste pensar que se a evolução humana tivesse dependido de mim, ainda estaríamos acocorados em caves, a roer ossos de coelho, se os conseguíssemos apanhar. É que eu nem teria inventado o sabão, quanto mais um sistema de aquecimento central ou uma nora...nem um pauzinho com uma esponja na ponta, para limpar o rabiosque após ir à casa de banho, que é o que se usava.

Ainda gostei muito dos mosáicos, surpreendentemente bem conservados, dos quais tirei algumas fotos.

Seguimos um bocado a pé, depois de autocarro, pois íamos ainda ver duas vilazinhas típicas, Bourton-on-the-water e Broadway. A caminho para lá podemos apreciar a vista fantástica, já salpicada de características primaveris, como as cerejeiras e ameixeiras em flor, os narcisos, os crocos, a relva verdinha (lá relva têm eles, os britânicos), e imensos faisões.

Fiquei toda entusiasmada, pois nunca tinha visto nenhuns no seu habitat natural, e aprendi também que apesar de lindos e coloridos, têm um grito muito pouco melódico quando leventam voo, soam como as inglesas bêbedas, quando torcem o pé a caminho de casa, debaixo da minha janela: fuuuuackkrrrchh. Também vi pelo menos 12 coelhos a saltitarem por um prado, sem muita pressa, seguidos por uma raposona enorme, também sem muita pressa, possívelmente porque já estava enjoada de coelho. Fascinante. Tomara que tomem juizo aí em Portugal e finalmente acabem com a porcaria da caça, pois eu gostaria de apreciar tais vistas também no meu país.

Bourton-on-the-Water, como o nome diz, tem lá Water, pois é atravessada por um riacho o que lhe valeu também a alcunha de “Veneza dos Cotswolds”. É uma vila muito linda, tão perfeitinha, limpinha, organizadinha, preservadinha e romanticazinha que parece saída directamente da tampa de uma caixa de bolachinhas muito docinhas e requintadinhas...piriri, piriri.

Comi lá um muito pouco romântico, se bem que muito característico Fish and Chips, do qual gostei bastante, embora tivesse imaginado o peixe tipo douradinhos. Afinal tratava-se de um filete de bacalhão médio, triplicado em tamanho através da aplicação generosa de uma crosta rugosa o qual tratei de desfazer com um minúsculo garfinho de madeira, numa batalha desigual, que terminou com a derrota do filete, não antes de este, com as suas últimas forças, lançar um ataque gorduroso e eficaz contra as minhas calças. Mas olha, a Maria lava. O pior é que me gamaram o meu detergente, larápios desavergonhados.

Andei quase o tempo todo com a Insa, uma rapariga alemã que se recusou todo o dia a falar alemão comigo, até eu chegar ao ponte de desconfiar que ela se tinha esquecido de como se falava, mas também com a Paige, uma rapariga da Zâmbia e outras duas dos EUA, a Lindsey e a Sarah, até tirámos umas fotos muito engraçadas debaixo de uma árvore em forma de cogumelo, após eu propôr que dançassemos à volta do tronco. Não me admira nada que eu proponha este tipo de coisas, o que me admira sempre de novo é o facto de as pessoas realmente fazerem o que eu digo...

O indispensável chá foi tomado em Broadway, num pub chamado “Horse and Hounds”com scones, creme e geleia e muito chá com leite.

A vilazinha em si, nada tem em comum com o seu homónimo Nova Yorquino, não havendo lá nem um anúncio néon, e nenhuma casa com mais de dois andares, mas em contrapartida muitas casinhas rústicas, feitas de limestone amarelo, uma espécie de pedra calcária sedentária, cheia de fósseis, e com telhados de colmo ou de xisto, que admirávelmente aparentam ser à prova de água.

Para fazer as telhas, o xisto é moldado em forma de rectângulos que aumentam em tamanho do topo do telhado para o beiral, e cujo peso total é enorme, o que representava um grande perigo em caso de incêndio, pois ao mínimo desequilíbrio tudo vinha abaixo limpando o sebo às pessoas que ainda não tinham morrido devido aos efeitos do fumo, e até tinham o descaramento de tentar escapar.


Dia 4 de Março

Dormi que nem um caracol a hibernar, e quando me leventei fui com a catarina comer uma pizza e gastar algum dinheiro, pois sentia-me demasiado rica.

Também tinha de comprar uma prenda para o Winston, que faz um aninho no dia 10 de março, não porque ache que ele percebe alguma coisa de aniversários, não estou choné a esse ponto, mas sim porque sei que ele percebe muito de guloseimas, e gosta, e faz-me feliz a mim mandar-lhe uma prenda. Comprei uma gkgktjtoghjh, que já precisavamos há algum tempo, um ghrkieuen, e uns coisinhos de comer. É surpresa. It’s my little thing, deixem-me!

Ainda para mais quando ele participou hoje na sua primeira prova de Gameness e ficou em 10ºlugar de 37 cães, nem tendo ainda um ano, e tendo tido quase nenhum treino para duas das provas (salto em comprimento e paliçada). *baba*