Tuesday, 3 April 2007

Ginásio...ou em brasileiro: A academia

Dia 22 de Março de 07...

Ontem mudei de quarto...sim, para grande desilusão das gaivotas já não habito mais o quarto 314 (tenham isso em conta ao escreverem os NUMEROSOS postais que por aqui recebo...pfff), e o Calvin pode bem gritar toda a noite e todo o dia, que eu não o ouvirei mais! Quanto às gaivotas, tenho a sensação distincta de que já vislumbrei algumas espias a circularem à volta do edifício, para decobrirem onde estou, mas ainda é cedo para falar.

Demorei horas a subir e a descer as inúmeras escadas, com as também inúmeras porcarias que já acumulei, acho que presenteei os outros residentes com um espectáculo caricato, houve mesmo uma vez que só se via um braçinho magro e tentativo, que terminava numa grande mão avermelhada, a apalpar caminho. O resto estava escondido por detrás de um rolo de cobertores e casacos, cuja única vantagem prática era proteger o meu esqueleto quando caísse escadas abaixo.

O meu novo quarto, o A8, pouco maior é que o anterior, e a janela é mesmo manifestamente mais minúscula, o que é uma pena, pois não sou flor que se dê às escuras, faz-me aflição, mas seja como fôr, poderei cá ter o Filipe dentro, com toda a legalidade, e isso vale por tudo.

Quando acabei estava esfomeada, mas é a última vez que compro carne picada cá na inglaterra, já vem empacotada, e então não há como escapar àqueles bocadinhos de nervuras, que a mim pessoalmente me estragam todo o prazer de comer. E as minhas almôndegazinhas que estavam tão boas, e feitas com tanto carinho. Nenhuma maior que uma boga (aqueles berlindes grandes, que deixam a unha roxa quando a pessoa inexperiente tenta atirá-los), tinha passado pelo menos vinte minutos a moldá-las, tipo escaravelho sagrado do egipto, para não dizer outra coisa.

Depois hoje de manhã, pelas 9:30, destituida de toda a sanidade mental e orgulho, lá me juntei às hordas.

Às hordas de pessoas que pagam para trabalhar que nem cães, empoleirados, estendidos, agarrados e entalados em máquinas infernais. Suados, vermelhos, cansados e com os músculos a doer. Sim, fiz o meu gym induction, para aprender a usar os engenhos de tortura, e começei de imediato. Visto de um ponto de vista extraterrestre, deve parecer uma coisa louca...as pessoas parecem hamsters, sinceramente. Haviamos era de ser ligados a um gerador, para não se gastar toda aquela energia cinética em vão. Verifica-se realmente uma inversão de valores: dantes os mais pobrezinhos trabalhavam árduamente, para ganharem o pão com o suor do seu rosto,(ou para que outrém, no suor dos seus rostos, pudesse comer presunto) eram magrinhos e comiam cereais integrais e vegetais cultivados nas hortinhas, enquanto os mais abastados não se mexiam mais do que o necessário, comiam grandes quantidades de carne, ficavam com gota, e orgulhavam-se dos seus cereais caros, refinados e branquinhos.

Hoje em dia, os com algumas posses pagam caríssimo para poderem suar nos referidos engenhos, - de uma maneira que recusariam fosse isso qualquer tipo de trabalho pago - , para ficarem magrinhos, comendo integralidades cujo preço se inverteu, em comparação com os refinados, e legumes pequenos cheios de terra “biológicos”, enquanto os mais pobres tendem para a obesidade, muitas vezes, sentados a verem televisão e a comerem o novo Pão-rico sem códea, sem miolo, sem farinha, sem textura, sem glúten, sem lactose, sem a parte da códea que não tem códea, mas em compensação com nonocromas de provitarol fy, bifhydus hidrogenados, altéher ex-aging e sabe o Diabo o que mais.

Após o ginásio ainda fui jogar volley, com a Camila. Foi pena não podermos ficar as duas horas, mas tinhamos aula às 14:00h.

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