No Domingo, dia 15 de Abril, fui com a Gina, a Claire, o Sila e o Imran ao Funderworld Themepark, uma espécie de feira popular móvel. Não pudémos ir quando estavam cá o Fil e os meus irmãos, mas para uma pessoa não ficava tão caro. Foi divertidíssimo, por 10 pounds podíamos ficar lá 4 horas e andar em tudo o que quisessemos quantas vezes os nossos estômagos aguentassem. Optámos por ir entre as 6 eas 10, pois é quando começa a escurecer, e há todo aquele ambiente de feira, com luzes, néons, cheiro a relva pisada, algodão doce e pipocas, música terrível, que só se gosta enquanto se anda de carrinhos de choque, tudo envolvido num entardecer suave de primavera.
Começámos cuidadosamente com o Wild River Trip, enfiados num Donut gigante, escorrega de água abaixo, aos guinchos, do qual emergimos de cús molhados, para passarmos para a montanha russa, onde deixámos os guinchos e passámos a gritar como mulheres sérias, tendo sido tirada uma foto desgraçante na pior parte, que tivemos que comprar, pois está hilariante: parecemos três vampiros tresloucados a perseguir uma mousse de chocolate...
Seguiram-se os aviõezinhos sobe-desce, depois para um ridículo comboio fantasma (o nosso casão, que tem um morcego verdadeiro, é mais assustador), os carrinhos de choque, e então para um daqueles carrocéis com banquinhos presos a correntes, onde as coisas começaram a correr mal para a Gina, que se debruçou graciosamente, e sem salpicos nem sons horrorosos se vomitou toda, desde a gola até ao umbigo, incluindo a mala que tinha ao colo... Tadinha, ficou tão embaraçada, mas agora somos não irmãs de sangue, mas irmãs de vómito, pois eu limpei a mala dela, e era daquelas cheias de costuras e bolsinhas...Não sei se tive todo o mérito que merecia por esta acção.
Obviamente ela não foi nos engenhos seguintes, um que era um banco preso a uma manivela, que nos girou até ficarmos com as entranhas coladas às amigdalas, mas felizes, nem ao “Jack the Ripper’s Revenge”, que era uma centrifugadora humana, muito simplesmente, que não deve fazer nada bem à mioleira, que fica ligeiramente torta, colada ao lado esquero do crânio, num montinho cinzento...mas também, não há muito que se perca.
Entretanto a fada vomitadora já sentia mais bem disposta, e quando voltámos à carga nos aviõezinhos, ela já foi. Estes aviõezinhos têm a particularidade de caberem três pessoas e as duas do lado exterior, especialmente a que está colada ao lado da parede do assento, são trespassadas pelos ossos das ancas da gorda do lado de dentro, para além de serem expremidas que nem tremoços. Eu juro que cheguei a pensar que saltava com um som viscoso, deixando somente uma pele seca e uns longos cabelos para a posterioridade, enquanto a minha alma imortal zunia em direcção ao céu azul, passando a imagem mal pintada de uma loira voluptuosa que, a julgar pela tatuagem, devia ser a Pamela Anderson. Esse deve ser um dos aspectos menos bons da fama, aparecer-se pintada a spray em todo o tipo de maquinas das feiras, vesga e mal desenhada por um chunga qualquer com aspirações artisticas... Embora haja algumas figuras bem desenhadas, verdade seja dita.
Saí do meu lugar a tempo de ver a Gina debruçar-se discretamente, vomitando o resto dos conteudos do seu delicado corpinho, não sei como é que há tanta gosma dentro de uma pessoa tão pequena, deve ter ficado absolutamente oca, depois da segunda dose.
A feira acabou ali para ela, mas a nós, os rijos, os valentes, os impossíveis de enjoar, estavamos lá para as duas piores máquinas da feira, o Super Twister, que se assemelha a uma rodinha dos ventos, com a particularidade de ter pessoazinhas presas em bancos nas pontas que não só giram à volta do eixo grande, como também sobre si mesmos, ficando de cabeça para baixo, em curva descendente, a uns (sentidos) 300kms à hora. Fantástico. Parecia que iamos morrer. Os divertimentos dos seres humanos, hein?
Fizemos pausa com o carrossel dos cavalinhos, no qual eu fiquei com o único galo, o que deu origem a piadas linguísticas em inglês, com a palavra galo, que não irei repetir aqui. Mas este foi só por brincadeira, pois continuamos a ser durões, malta da pesada, e estavamos somente a lamber as nossas feridas antes de atacarmos o Big Ben, uma torre altíssima, rodeada por um quadrado de bancos, onde as vítimas, num momento de falta de lucidez, se sentam, para então serem disparados para a estratosfera. Ao contrário do que dizemos em português, para cima posso eu bem, todos os santos ajudam aquilo a subir, mas para baixo é um horror! Ficamos suspensos a uma altura contra-natural, que nos faz encolher tudo o que temos dentro da barriga, até que fique do tamanho de uma noz muito pesada, que então, quando somos projectados em queda livre para um fim seguro, espatifados no chão de ferro a milhares de quilómetros de distância, por baixo de nós, nos salta para a garganta e faz a voz ficar como a de um hamster que respirou hélio. Aliás, tenho a certeza que enquanto eu descia acompanhada de um silvo agudo, qualquer coisa importante da minha anatomia ficara alegremente a flutuar 100 metros acima de mim, a apreciar o ar fresco, a liberdade, e a linda vista de Bristol. Tenho saudades dessa parte. Chamava-se juizo.
À volta para casa comprámos duas pizzas grandes, para comer quando chegássemos, mas cheiravam tão bem que não aguentámos levá-las mais que vinte metros, devorando-as mesmo ali, sentados na calçada.
1 comment:
Tenho de investigar isso, começo a teorizar uma relação entre o tamanho das pessoas e a quantidade de vómito que sai cá pra fora.. já tenho assistido a cenas desse género, em que pessoas minúsculas vomitam as tripas que nem gente grande! Comer pizzas na calçada rula, já tenho feito dessas tamem ;P
E acerca do galo... peço desculpa pelo atrevimento mas tou a imaginar os teus colegas 'aw look! she's riding that big cock and she seems to enjoy it!' xD mwahahah :P kidding *
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