Hoje foi dia de Oxford, que literalmente quer dizer “ponto raso no rio, por onde passam os bois”, mas mais poéticamente “City of Dreaming Spires”, como também lhe chamam…Cidade que juntamente, ou antes, em disputa com Cambridge é a mais antiga Universidade da Grã-Bretanha, tendo sido reconhecida oficialmente comon tal em 1231, após os franceses se terem fartado de estudantes ilhéus bezanas, a vomitarem pelas ruas de Paris, suponho, e os terem expulso de lá por volta de 1100. Os séculos passam, mas as pessoas não mudam.
Nesta cidade, terreno para a instituição de uma Universidade estava preparado através da existência prévia de instituições religiosas muito desenvolvidas, de modo a que a Universidade, ainda hoje, na sua disposição e tradição, tem muitos aspectos que lembram mosteiros. É constituido por 39 colégios diferentes, com nomes como Magdalen College, Balliol College, Merton College, New College, tendo sido reformado pela acção de Henry VIII, que dissolveu as instituições clericais, após se ter assumido como representante máximo da igreja em Inglaterra.
No século XI e XII a Universidade de Oxford era reconhecida pelos seu curso de direito e estudos legais ,as também estudaram lá nossos conhecidos em outras áreas, tais como Jane Austen, J.R.R.Tolkien, William Golding, Lord Byron e Bill Clinton, last and least.
Começamos o dia com um passeio guiado pela cidade, do qual extraí estas informações, ou pelo menos maior parte delas, e ficámos com a tarde livre para explorarmos a cidade à nossa vontade.
Eu e a Catarina começamos pelo mercado, passando depois pela sessão fotográfica em frente de todos os edifícios impressionantes que o guia nos tinha mostrado, incluindo a sala que serviu para fazer as filamagens da sala de jantar dos filmes do Harry Potter, onde infelizmente não pudemos entrar, e depois o edifício mais antigo da cidade, o St. Michaels Church Tower, que foi construído no tardio periodo saxão, em cerca de 1040. A dada a altura, a torre fez parte da prisão de Bocardo, onde ficaram encarcerados os cardeais Latimer, Ridley e Cranmer, que recusavam converter-se ao Catolicismo. Um pouco mais tarde, foram então carbonizados vivos em praça pública pela nossa estimada Bloody Mary, católica não só ardente, como também queimante...
Tem se uma vista muito bonita sobre a cidade, do topo da torre, e também sobre a rua principal, onde está a maior parte das lojas e também uma fervilhante colecção de artistas de rua, desde putos com guitarras até pequenas bandas e vendedores de balões gigantes/ papagaios de papel em miniatura (que voam mesmo). Se quiserem ver um exemplo, eu trouxe um folheto de uma das bandas, que eram quatro miúdos dos 8 aos 16 anos, os “4-beanies”, podem procurar na net.
Comemos as nossas sandes, que traziamos de casa, pois estamos em low-budget, e depois fomos ver o Ashmolean Museum, que por jeitos é um dos mais conhecidos museus ingleses depois dos de monstros incomparáveis em Londres.
É um museu abrangente, se bem que não demasiado grande, tendo uma grande variedade de arte-factos e arte-argumentos, desde estátuas da antiguidade greco-romana, e do antigo Egipto, passando por arte renascentista italiana, arte do século XX, e mesmo algumas coisas dos “meus” Pré-Rafaelitas. Os quadros que gostei mais foram um do John Everett Millais, chamado “The return of the Dove to the Ark”, e dois retratos de crianças, um por Sir Joshua Reynolds e o outro por Lord Frederic Leighton. Muito impressionante também a colecção de violinos Stradivarius, e mesmo uma guitarra construída pelo mesmo lutier, que é uma das únicas quatro que são conhecidas no mundo inteiro. Também havia lá uma guitarra construída por um compatriota, um tal António dos Santos Vieyra, mas eram todas bastante diferentes das actuais, tendo entre outras a particularidade de o buraco redondo na caixa de ressonância ser totalmente preenchido por um rendilhado esculpido em madeira, em forma de funil côncavo.
Tivemos uma sorte incrível com o tempo, pois embora a previsão metereológica nos ameaçasse com frio e mesmo a possibilidade de neve(!!!) fez um sol lindo, com uma brisa fresca, para dar dinâmica às fotografias, agitando cabelos e lenços da maneira mais irritante (20 fotos com mão à afastar a franja, cabelo no olho, sacudidela de cabeça, ventinha tapada, cordão da câmera a frente da objectiva, cara de frustração e pose forçada por demora demasiada).
Incluido no preço, etava ainda um chá das cinco, com bolachinhas, numa sala quentinha. Foi muito bom, uma caneca de chá bem quentinho e com muito leite até faz nascer uma alma nova, é pena é que não nascam também umas pernas novas, pois as velhas estavam, por esta altura, completamente obsoletas. Já agora, se estou a encomendar: vinham umas mais torneadas e com a depilação a laser, definitiva, já feita, sff.
Na viagem de volta, fomos a apreciar umas almofadas anti-stress em forma de chouriço-em-U para o pescoço, que comprámos por £5, eu andava morta e aflita por ter uma desde que as apalpei pela primeira vez em Bristol, e após o método de espera ter dado positivo, lá me mimei. O método de espera é um método de poupar dinheiro: quando se gosta de qualquer coisa, não se compra logo, espera-se uns dias, e se não saír da cabeça, é porque vale a pena. O pior é se depois esgotou ou nunca mais se acha. Nesse caso: *weep*.
Não me sai é da cabeça um rapazinho que vimos lá na rua principal, que tinha perdido os pais, e estava desesperado. Já estava a ser ajudado por uma senhora muito amável, mas até me doeu o coração só de ver a aflição da criança. E eu não sou o tipo de rapariga que não pode ver um puto sem se derreter e se transformar numa coisa pegajosa a transbordar instinctos maternais, cá para mim não sinto necessidade nenhuma de aturar os filhos chatos dos outros. Salvo raras excepções de crianças encantadoras, que as há, há. Mas como é que os gaiatos nesta situação não sabem que OBVIAMENTE o pais o vão achar? Tanto pânico superfluo... Mas lembro-me de sentir a mesma angústia quando me perdi no Jumbo, olhei para cima para falar com a minha mãe, e não era ela...o mundo ruiu à minha volta. Atenção, isto há uns 17 ou 18 anos, não recentemente! E que pai estúpido, que larga assim o miúdo no meio da rua e nem dá logo por isso...vinham do McDonalds, e iam jogar Snookers, e o menino aos 4 ou 5 anos já tinha um brinco na orelha...deve ser mesmo aquele tipo de pais. Não acho jeito nenhum furarem as orelhas aos pequerruchos, não acho que seja opção dos pais esburacar os filhos antes de estes terem opinião, e digo isto para rapazinhos tanto quanto para meninas...aquelas bebés com meses de idade e brincos de ouro....bah!
Agora vou escrever uns postais, que é a minha vida, já mandei uns 20, e só uma pessoa dessas todas me retribuiu fora do universo virtual da net: a Lena, com um postal com quatro porquinhos. Acho que vou começar a enviar postais por net também, seus ingratos! Sim , é para ti! A carapuça serve a quem a enfia! The hood fits him who puts it on! É engraçado traduzir as expressões ideomáticas à letra: “Taking parsnips out of a tin cup!”... “Making a little cow”....
E o português do Brasil tem realmente mais diferenças do português continental do que pensamos. È que nós papamos toda a vida com as telenovelas da globo, mas eles com o nossa variante, têm bem menos contacto, a Camila as vezes não me entende: Fato não existe, senão significando “facto”, senão diz se paletó...a palavra “giro”, não a conhecem, Fato de banho=Maiô, Palhinha=Canudjinho, um sítio=um lugá...e eu não fazia ideia o que era “paqueirar”. É flirtar, ficam pois sabendo. E ainda bem que vi “A Casa das 7 Mulheres” senão nunca teria ouvido a palavra “Guri”. O efeito das telenovelas na comunicação internacional, hein?
Só mais uma coisa que tenho a dizer por hoje: Sobre os pombos, que tanta gente odeia, chamndo-lhes uma praga, as ratazanas aéreas, etc. Acho bem. Estamos numa boa posição para falar, afinal o raio dos pombos estão a poluir a terra com monóxido de carbono, e resíduos nucleares. Provocaram também o buraco no ozono e lançaram as bombas sobre Hieroshima e Nagasaki. Os pombos, vis criaturas, deviam ser exterminados! Só fazem mal! Estão a destruir a floresta amazónica a um passo fulminante, desequilibrando o clima mundial. É por causa do raio dos pombos que milhares de raças de fauna e flora se encontram em vias de extinção, ou já se extinguiram, ou se extinguem às dezenas, todos os dias! Praga do caraças, que daqui nada não se pode aqui viver por causa destas pestes! Morte aos pombos!
Morra, Columbidae, morra, PIM!
2 comments:
Cada vez me deixas com mais inveja disso ai... ainda mais eu que vivo aqui nesta terrinha estúpida! Bah! Acerca dos postais, well se me deres a tua morada eu respondo-te na boa :P
Quanto aos pombos, well... podiam sempre fazer como na idade média para combater a peste negra.. soltarem gatos nas cidades para caçarem os ratos. Neste caso, soltavam gatos pra caçar os pombos. Se todos fossem como a Furry Thing era um descanso! Se bem que a comida com contraceptivos é capaz de ser um método melhor...
Não, descansa, a conversa dos postais é para quem já recebeu mais de dois!
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