Dia 2 de Março de 2007
Começa então o tempo de estadia dos meus três rapazes cá em Bristol...passeamos muito, fomos a lojas de Cd’s, alimentámos os numerosos esquilos à volta do Cabot Tower, que vêm, inclusivamente, comer à mão, fizemos um jantarzinho de despedida para o Lukas, que voltou para a Republica Checa, com cogumelos à lá Filipe, entre outras iguarias, e lá insisti que se fosse ver Bath.
A culturazinha, é preciso incentivar a culturazinha...tive a destincta impressão de ouvir ameaças murmuradas e comentários aborrecidos do tipo mrblbrlbr...ping-pong...mrbl...todátarde...mrnblwrbl, mas ignorei. É que tinha cáido uma invasão de franceses sobre nós, alguns dos quais jogavam ping-pong... três rapazes e uma rapariga, sendo que um dos rapazes é francês aldrabado, pois é do Taiti, Polinésia francesa. Chama-se Patrice, e parece muito asiático. Os outros dois são a Melanie, que é a namorada do Rüdolf – pronuncia-se assim com uma boquinha muito bicuda e fechada – e o Basile. Sobre o Basile há um running joke, pois logo na primeira tarde em que eles chegaram eu estava na cozinha, e vi um potezinho de plástico com uma papa verde lá dentro, em cima da bancada. Intrigou-me bastante, e cheguei à conclusão que deveria ser uma erva qualquer passada à varinha mágica. Quando saí da cozinha, cruzei-me com o Patrice, que me perguntou se eu sabia do “Basil” (pronunciando à inglesa “Beizil”). Aí fez clique: Ele estava à procura do basil (manjericão), a papinha verde!... Pronta para ajudar anui veementemente: “Yes, yes! Is it small and green?” O rapaz fez uma cara como se eu estivesse louca de todo e respondeu “No...it’s my friend...”
Desde aí cada vez que ele menciona o Basile, quando eu estou por perto, acena na minha direcção e diz: You know, small and green! E por acaso o rapaz até é big, white and curly...
Bath foi muito tranquilo, é bem pequeno, mas deu para comprarmos lá os três livros do Mario Puzo que faltavam ao Manel, o que para ele foi o Highlight do dia, senão de toda a estadia. De resto o mais memorável lá foi um street artist que tivemos oportunidade de ver, empoleirado num monociclo de três metros de altura, e a fazer malabarismo com três tochas. O senhor era muito cómico, põs o publico todo a participar, até o Ivo, que foi chamado como assistente para segurar o monociclo: “O da T-shirt dos AC/DC, calças de ganga e nenhum sentido de estilo”...
O mais bonito por esta altura, para além do lindo tempo primaveril, no qual o resto da Europa não participa – gnihih – sei que está chuva e frio por todo o lado, são as flores. É que em Portugal não se nota tanto a diferença, pois nunca deixa de estar verde, mas aqui, de um dia para o outro, a natureza veste se de folhinhas e rebenta em flores de uma maneira que chega a ser obscena.
Comemos um pequeno-almoço inglês, feito por nós, com cogumelos refogados e tudo, que estava * * * * *, e a Gina levou-nos a um restaurantezinho Indiano onde comi um prato de frango cremoso de chorar por mais, com pão Nan. No dia seguinte, lá foram de malinhas feitas para o aeroporto, eu fiz uma choradeirazinha, telefonei à minha mãe, a avisar de que os tinha despachado, conformei-me, e....aqui presencia-se um esforço sobre-humano para não escrever um ensaio humorístico de uma página sobre o facto de terem perdido o avião. Sim, é autêntico. Tudo se encostou ao Filipe, que *surpresa* não é infalível, e deu para o torto...Voltaram que nem Dédalo, Ícaro e Pequenícaro sem asinhas, e queimdinhos, indo um dia mais tarde que previsto. Isto teve o efeito de quando foram de vez eu fiz três cruzes, não fosse o destino pensar que eu queria que voltassem mais uma vez!
Quarta, dia 11 de Abril
O Carlos planeou um passeio a Wales, Swansea e Cardiff, e eu, à última da hora, substitui o Mohamed, que tinha que fica a estudar para um exame.
Swansea fica mesmo ao pé do mar, e maravilha das maravilhas, tem uma praia gigante. Não é StºAndré, claro está, mas bastante impressionante. Havia lá muitos cães, e tive muitas saudades do meu bicho, que aparentemente está um autentico boi, com 30 kgs e uma cabeça de melancia....Mas não dá para ter tudo, ou pelo menos, não ao mesmo tempo. Tive que me contentar com apanhar conchinhas, como qualquer turista montanhês que nunca viu o mar, e caçar minhocas, pois estava tudo cheio de cocó de minhoca espiralado, e eu queria muito ver uma. Finalmente foi o Sila que achou um exeplar, que mostrámos a toda a gente. Cada um se remedeia com o que pode, sei que o meu manelinho, mais ou menos pela mesma altura, me substituiu no “Poço das cobras”, que é um poço perto da nossa casa, onde por vezes caem cobras, que depois precisam de ser resgatadas para não se afogarem. Há que mencionar mais uma vez que no Alentejo (e no resto de Portugal, exeptuando talvez duas grutazinhas nos píncaros do gerês) se pode, de plena confiança, agarrar qualquer cobra que se veja, coisa que faço desde os 8 anos, pois não há cobras venenosas, independentemente daquilo que os vossos avós dizem. Não há. E os sapos não nos fazem xi-xi para os olhos, é anatómicamente impossível, e se os segurarem por cima do olho e tal coisa acontecer, lavem, que passa! E também não sai principe se beijarem, isso vos garanto. Enfim, o Manuel retirou um exemplar bem bonito, do dito poço, mas conseguiu deixar-se morder (só me acontecu uma vez e a cobra era pequenininha), o que é embaraçoso para mim, pois retira todo o mérito à minha minhoca desdentada e mole, que não impressionou ninguém...Embora me possa vangloriar de ter enojado várias pessoas um pouco pobres de espírito. Devolvida a perigosa minhoca sem dentes à água, ainda achámos um caranguejo eremita, dentro de uma concha e tirámos 20 fotos na tentativa de apanhar uma em que o pessoal estivesse todo a saltar...parecia a onda...havia sempre alguém a saltar, sim, mas nunca todos em simultãneo, estavam sempre metade dos participantes já envolvidos em contorcidas manobras de aterragem, de joelhos tortos, enquanto o Gastor ainda se elevava que nem uma bola de canhão. Parece impossível como alguém tão redondo pula tão alto, mas talvez seja esse novo hábito que o esteja a fazer emagrecer, pois realmente ele está metade do que era. Primeiro a brriga vinha até aqui: *gravidez de 11 meses* e agora vem só até aqui: *gravidez de 7 meses*. No outro dia reparei e mencionei, ao que ele ficou todo feliz, acho que fui a primeira pessoa a reparar. E o incentivo deve ter vindo da esposa dele, pois ele foi a casa há pouco tempo, e ela deve lhe ter puxado as orelhas.
Cardiff foi como eu já conhecia, mas com sol.
No dia a seguir tinhamos outro jantar combinado, este planeado pelos franceses, que até tinham desenhado papelinhos a anunciá-lo. Primeiro ninguém estava com muita genica para cozinhar – e era suposto ser qualquer coisa típoca do país de origem – mas quando se soube que eram também os anos do Mohamed, lá toda a gente fez um esforço, e acabou por ser o jantar mais bem frequentado desde que cá estou. A Melanie tinha feito três pratos diferentes, com maior ou menor ajuda dos seus compatriotas, uma tarte de maçã, um gratinado, e uns canapés de pesto de azeitonas, tudo muito bom; eu tomei coragem e apresentei uma aletria, o que foi um acto de valentia que só conseguem compreender bem se tentarem explicar, numa língua estrangeira, a razao de fazerem massas com açúcar...Vi caras e reacções estranhas. Pensei que ia ficar a comê-la o resto da semana, mas quando voltei da cozinha, após lavar a minha colher, tinha desaparecido toda e pessoas entusiasmadas requeriam a receita. Para além da aletria, que parecia modesta, ao compará-la com os crepes (spring rolls) Vetnamitas que o Trung enrolava, ainda acrescentei uma espécie de tiramisu de bolo de chocolate e custard, com uma velinha que acendemos para cantar os parabéns em cinco ou seis língua diferentes, incluindo chinês. E em todas as línguas tem a mesma melodia.
Para a semana acho que é a vez do Rudi e do Luigi fazerem anos, portanto lá vamos nós outra vez. Temos que comprar um postal com senhoras semi-nuas para o Luigi, que é meio tarado, ou melhor, todo tarado. Mas que tem vindo a subir na nossa consideração, desde que soubemos fofocas escandalizantes sobre quase todos os outros rapazes da casa, que não vou repetir aqui. Ontem até cometi um acto que nunca pensei cometer, entrei dois passos para dentro do quarto do Luigi, a pedido dele, para ver o que ele tinha encontrado ao pesquisar “Firpolini”, endereço de email do Filipe, que aparentemente não estava a funcionar: Firpo, the Wonder-dog. Ah Filipe, és um cão de olhos esbugalhados e nunca me tinhas dito!!
Claro que isto deu para eu e a Claire rirmos duas horas, até encontrarmos outro assunto, que se propiciou quando a chegávamos a casa, depois do nosso joguinho de badminton, e ela levanta os olhos para a fassada do primeiro andar, desatando aos gritos pois Small and Green, passe o código, estava todo descascado e de cortinas escancaradas no quarto dele.
Assédio visual, é o que é.
2 comments:
Inveja, inveja... deixa tar, quando eu puder fugir deste buraco perdido no meio do alentejo vou fazer um blog e contar as coisinhas fixes que faço por lá e tu vais ler e vais-te roer de inveja porque eu ando ai a passear e tu não :P mwahahah!
Yep, it uás mi. Ai sometaimes raite setafe laike dáte. Dide iú laiked íte? :D
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