Terça, dia 13
Hoje fiz rissóis de camarão...Amanhã é o jantar internacional no BISC, e devemos levar comida do país de onde somos, e então optei pelos rissóis. Foi uma trabalheira, mas graças a uma conjunção de receitas, uma que me deu a minha avó, e outra que me deram as ladies da Quinta da Cabouqueira, (onde comi dos melhores salgadinhos da minha vida), saíram óptimos. O pessoal até se vai passar da cabeça.
Comprei também algo que nunca tinha comprado: uma caixa de “lychees” aqueles frutozinhos que servem nos restaurantes chineses. Tinha comido uns enlatados, uma vez, mas tinham consistência de lesmas mal-mortas, e só este natal é que provei frescas, e gostei bastante. Não tem nada a ver.
Mas se vamos falar de comida, falemos a sério, com os relatos frescos do international feast, no dia de S.Valentim:
Estava organizado tipo bufete, as pessoas chgavam e punham a comida que traziam em cima de uma mesa grande, após terem pintado um papelinho com a bandeira nacional de um lado, e o nome do prato do outro.
Eu absolutamente assassinei a parte central da nosso símbolo nacional, sou a vergonha da nação, esqueci-me de tudo, quantos castelos eram, onde ficavam, o que fazer às quinas e onde enrolar a esfera armilar...Acho que até um coelhinho acrescentei. Graças a Deus não estava lá mais português nenhum...Só por pura vergonha, na próxima festa internacional faço um prato alemão, pelo menos essa bandeira eu sei desenhar.
Os rissóis mal chegaram a pousar, o pessoal parecia uma nuvem de gafanhotos, varreram o prato em menos de nada! Eu provei um bocadinho de tudo, sendo que as duas coisas mais estranhas eram umas bolinhas de arroz, japonesas, cheias de minúsculos peixinhos fritos, inteiros, do tamanho de...sei lá, de Néons ou de larvazinhas. Muito estranho, e com um gosto muito peixoso...hmmmmm....E absolutamente abominável, peço desculpa, foi a sopa doce, uma sobremesa chinesa, que era feita de ingredientes importados directamente não da Tailândia, mas da China. Era um caldinho transparente, pouco doce, no qual flutuavam frutazinhas nunca antes vistas pelos meus incultos globos oculares, uns que pareciam ameixas esbranquiçadas, e uns que pareciam piri-piris cor-de-laranja, mas o cúmulo eram os fungos brancos, que escapam a qualquer descrição, mas vou tentar. Sabem a pele do leite? Imaginem que a água formasse uma pele semelhante...ou uma coisa como o resto que fica no copo depois de se dissolver gelatina simples...em forma de líquene....mui estranho, e deverás difícil de apreciar para o meu palato alentejano.
Em alemão custuma-se dizer “o camponês não come aquilo que não conhece”, espero não estar a dar essa impressão, tento ser aberta, e as outras coisas todas estavam muito boas, inclusivé um sushi de atum enrolado numa alga preta. E não deixei de provar tudo, mesmo quando continha peixinhos tipo girinos cheios de olhos.
A tortilla e o quiche estavam de morrer por mais, os Spätzle só precisavam de um toque de sal, os dinamarqueses (um casal muito simpático chamados Marie e Bjerke) tinham feito óptimas “Frikadellen”(almôndegas) e pãezinhos, e os quadrados da Virgem, que eram mexicanos, também foram um successo, embora tivessem 4piri-piris por decímetro quadrado. As sobremesas árabes, de massa folhada e amêndoas eram maná, e os bolos, o Kirsch-Tischl e a Mousse não deixaram a Europa nada mal-vista.
O bobo da festa foi um rapaz alemão que teve o descaramento de trazer bananas...não chegámos a descobrir onde é que isso era típico da Alemanha, mas talvez ele fosse da ex-DDR, e ainda não tivesse acabado de matar o desejo....Pelo menos comeu umas, se bem que possívelmente só para provar o seu ponto. Mas houve mais um Checo que também optou por comprar bolos ingleses...é que pelo menos disfarçava, e comprava bolos checos, não?
Fui agora interrompida pelos sons bélicos do exército de bravos que luta pelos seus “washing tokens”, ou seja, as fichas que é preciso introduzir nas maquinas de lavar e de secar, para que elas funcionem. Há um número fixo destas fichas, e aparentemente algumas destas aves raras tem tendências de hamster, enfiando-as nas bochechas assim que as recebem, para depois as coleccionarem numa gaveta do quarto, possívelmente para uma vez por semana abrirem a gaveta, e alegrarem-se com o tintilar sonoro e metálico, sabendo que são os únicos em Hodgkin House que poderiam, se quisessem, lavar 10 maquinas de roupa seguidas. Não vou falar em nomes, mas o Calvin diz que é alguem vindo de uma cultura onde as mamãs tratam da roupa dos filhotes até estes casarem com uma mulher que o faço, logo desconfio do nosso compincha do país de Donatello. Mas a mim não me toca, pois eu tenho peúgos que me duram para dois meses, se fôr preciso.
Agora por falar no Calvin: Adivinhem op nome do irmão gémeo dele? (se disseram Hobbes, está errado) É Alvin, e o mais velho chama-se Ervin! E eu que pensava que Timmi e Tommi era a conjugação mais cómica que havia...(conheço mesmo um casal cujos filhos se chamam assim, e ela está grávida de novo...ainda faltam o Temmi e o Tammi, né?)...
Bom, vou fazer um croissant com nutella e uma caneca de chocolate quente, que hoje a lua está no signo de comida.
1 comment:
Comida.. uma das 4 maravilhas do mundo (as outras são dormir, sexo e música) :P
Mais valia teres feito as boas das migas à alentejana ou uma açorda ou qualquer coisa assim :P
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