Dia um no país que não aderiu ao euro, onde tudo se paga em libras, onde está sempre a chover e ainda por cima rebentam com os metros ...nas palavras de um pessimista qualquer.
O voo voou bem, nada a dizer, até tivemos um steward, que agora se chamam assistentes de voo fardados, ou lá o raio que parta, que era tornou o discurso sobre desligar os aparelhos electrónicos numa espécie de comédia.
No aeroporto ficámos ao lado de um grupo de pessoas a falarem um alemão do qual eu não entendia palavra, e que o fil descobriu ser chinês. (acabou por ser sueco, para o gáudio dos falantes.
As tomadas inglesas têm três furinhos, e ninguém me disse, não consigo ligar nada à corrente, tenho que comprar um transformador ou apodreço aqui sem portátil para escrever o relatório, e peludinha que nem uma macaca, pois o epilómetro também é electrico.
A cozinha é gigantesca, com 198 fogões , 25 frigoríficos e uma montanha de cacifos onde podemos trancar os nossos víveres, à prova de roedores e estudantes esfomeados sem respeito pela propriedade alheia. No frigorífico é que há de ser um vê se te avias, mas já cuspi em todos os meus iogurtes e esfreguei as bananas pelo chão da cozinha, para ninguém lhes tocar.
O tempo está quente, 27graus à sombra, uma brisa fresca e um sol mediterrâneo...(em sonhos), na realidade está um cliché autentico, com céus cinzento chumbo, os chuviscos da praxe e algum frio. Mas tem aquecimento central, e como não pago mais por isso posso ligá-lo mo máximo dia e noite, também, pelo preço que pago, umas sonantes 300 LIBRAS por mês, até devia de poder fazer sauna aqui dentro.
Realmente a questão do frio é sobre-sobre-sobre-estimada, tenho muito mais frio em Portugal, aqui não sou obrigada a andar na rua, mas aí no país dos tugas já tenho feito frequencias a tiritar de frio, nas masmorras do cordovil.
Deixem lá o friozinho inglês...Não que queira ser daquelas pessoas irritantes, que acham sempre tudo melhor em casa do que no estrangeiro, mas é verdade.
Dia dois fomos comer pizza hut, com o Kenneth e a Viola, há que provar as especialidades tradicionais britanicas, mas não enquanto se está em low budget...
O Kenneth, tambem conhecido por Kunta Kanetas era o amiguinho de infância do Filipe ( o raio do homem até em Timbuktu deve conhecer alguém), e foi um reencontro recheado de histórias como “aquela vez que o Filipe caiu de cabeça de um telhado abaixo, após terem bombardeado um carro com balões de água, sem perceber que era um carro da polícia, etc...
Passeamos e conhecemos o floating harbour, que é basicamente um pedaço de rio que “fecharam”, por assim dizer, para evitar os efeitos baloiçantes e húmidos das marés de cerca de 15m, que por acaso são as segundas maiores do mundo, consoante o Kenneth.
Dia três, domingo 28 de Janeiro, ano Domine (e quem sabe da senhora também, há que haver emancipação):
Levantámos tarde, e suados, com aquecimento no máximo e a dois numa cama de 70cm, há que sofrer as consequências.
Fomos comer um pratinho de comida tailandesa num sítio chamado “Yummi Thai”, onde o menu à hora do almoço tem umas promoções de (hahahaha)£5.95, ou seja, uns 8euros por prato...+£2 (3€) por uma coca-cola na qual metade do volume é gelo. Não vale a pena comer fora neste país.
Perguntei – cuidadosa como sou – se era picante, disseram me “nooooo, not hot”, well, uma treta é que não era. Ia morrendo. Nunca mais. Já tinha comido tailandês em Berlim, mas não era assim.
Depois queriamos ir ao Jardim Zoológico, - onde por acaso hei-de ir à procura de um trabalhinho para ajudar a pagar a renda – mas após visitarmos a Clifton Suspension Bridge, uma torrezinha de miradouro com uma câmara obscura de mil oitocentos e trocó passo, e ainda uma grutinha claustrofóbica e provocadora de dores nas costas, já não havia tempo para isso.
Já agora fiquem sabendo que quando falo de Clifton isso é uma espécie de Bairro dentro de Bristol, e pelo que oiço, o mais “Posh”, em bom português, o mais “Bãããi”(bem). Claro que tenho que fingir que sabia disso e que essa foi a única razão pela qual escolhi a residência.
Na residência há uns 60quartos, com pessoal de 26 nacionalidades, muitos africanos e orientais, mas também um casal de lusitanos, o Pedro e a Elsa.
A Elsa até é amiga da Inês Castro, que esteve cá o ano passado em Erasmus, e calculem que tive que vir para Bristol para saber notícias de alguém que está na mesma universidade que eu.
Cada um com os seus problemas, eu queixo-me de ninharias como dos longos, longos e negros cabelos das raparigas indianas, que enfeitam os chuveiros e entopem os ralos...blheuk. Espero que isto não seja interpretado como um comentário racista, senão daqui nada acabo como aquela rapariga do big brother 7 inglês, que quase foi esfolada em praça pública por uma coisa do género, não sei se com razão ou não, pois não segui a coisa, mas foi uma escandaleira por aqui. Mas também, nunca vi tantas revistas sensacionalistas e de fofocas como aqui, só se vê é capas a ostentar frases tipo “She is a bi*ch, he is dumping her” ou “LUCY GOT BOOB JOB- mother confesses”. Weird. (that´s me again, from here on, not the tabloids any more)
Dia 4 é hoje, o dia em que fiquei sozinha, o meu menino voou para casinha, tem que trabalhar...vida de profe...
Ah, para começar, tenho uma queixa a fazer: os cliches bons são mentira.
A pontualidade britanica é um mito. O Fil tinha encomendado um taxi para as 7:00h, e eram 7:18 e nada...iamos morrendo, ele de stress e eu de frio, pois estava à porta de pijama. Finalmente após telefonarmos a reclamar, lá veio.
Quase nem tive tempo para sentir saudades, ainda. Fui direitinha ao european office, daí para o departamento de estudos hispanicos e portugueses, daí para o Language Centre, mas ainda não resolvi muita coisa pois as pessoas com quem eu preciso de falar estavam doentes ou de folga, mas voltarei lá amanhã.
Voltei para Hodgkin house, cozinhei Esparguete com molho de natas, cogumelos e fiambre, e às três e meia fui com o casal tuga e um rapaz do paquistão, cujo nome esqueci, mas que fala muito bem inglês, ao Bisc, o bristol international students community, onde se paga uma libra e se pode beber tanto chá com leite quanto se quiser, e comer quilos de bolinhos caseiros, brownies, scones, etc, uma delííííííícia, e isso é dizer muito, pois eu não sou nada virada para bolos.
O sítio é uma casinha pequena, muito acolhedora, e cheia de gente simpática e aberta, de todo o mundo, foi muito giro.
4 comments:
Muito bem Luísa... Bem vinda à blogoesfera... Agora queremos fotos e tudo o que temos direito para ilustrar este magnífico Blog.
Bestial! Tipo, eu e a minha mãe fartamos de rir com as tuas aventuras e com a tua maneira de escrever! Have fun over there ^^ beijinhos do Gui e da Luisa (Bagão, not you of course)**
PS: este é o meu novo e actual blog btw ^^
Muito bem acho que está muita giro eu diverti-me a ouvir quase tudo o que está no teu blog já pedi à minha mãe para fazer também um mas sei que vou demorar imenso tempo a acabá-lo. Beijinhos da tua sobrinha Clara
Já não me divertia assim há imenso tempo . Muitos parabéns ! Estive a ler para a Clara e para o Tarot ( que entretanto se juntou ao ouvir tanta risota ! ) Muitos beijos da tua cunhada " preferida " , Pipa
Post a Comment