Sexta dia 23 de Fevereiro
Que é um café, certo? Até porque em Londres passámos por um, que se chamava isso e ostentava, como logotipo, os 7 continentes, (eu pensava que eram 6, mas a Wikipédia subdivide a America em dois continentes), logo faria sentido.
Mas longe estava tal assumpção da verdade, pois foramos dextramente ludibriados pelos sacaninhas dos religiosos, que como já mencionei, estão por detrás de tudo, incluindo o BISC e Hodgkin House – não me entendam mal, apesar de eu pessoalmente ser “Nada”, no espaçinho referente à religião, e ser feliz assim, desde que não me azucrinem, está tudo bem para mim, sejam lá o que quiserem, uma mentalidade que se fosse mais generalizada, teria poupado muitas guerras e muito sangue, e concordo com o George Carlin, um absolutamente espantoso Stand-up Comedian americano,(vão ver ao Youtube) quando ele diz que deveria haver mais um mandamento que seria “Thou shalt keep thy religion to thyself” – mas desta vez foi particularmente engraçado. O Globe café é uma....IGREJA! Eles devem ter pensado: Havemos de os meter na igreja, seja como fôr, e conseguiram, um monte de estudantes internacionais, de minisaias escandalosas (eu), e bolsos recheados de dinheiro para pints(eu não) subitamente acharam-se numa Igreja cheia de bebidas não-alcoólicas, quiches e pizzas, na qual estava também um pequeno palco para quem quisesse actuar.
Mas ninguém levou a mal, após o primeiro choque, afinal de contas foram muito simpáticos, e ninguém nos tentou converter, de qualquer modo. Houve várias pessoas que se atreveram a pisar o palco, algumas com uma certa dose de descaramento louco, primeiro foi uma banda bastante conhecida em Bristol, os “Transition”, depois foi um caso de decaramento perdido, o Lee, da Malásia, cheio de atitude de rock-star-gothic-I-don’t-know-what-he-was-thinking, cheio de lápis preto nos olhos e a tintilar de pulseiras de picos, uma espécie de versão asiática do Bill dos Tokio Hotel, que trepou lá para cima, com uma guitarra eléctrica e tocou e cantou o....Nothing else matters, dos Metallica, e desafinou de tal modo, numa vozinha tímida, que até eu notei, e isso quer dizer muita coisa. Mas tadinho, era só a segunda vez (the “two”time, - como ele dizia – I perform for a crowd) que pisava um palco, e até então só tinha tocado baixo...após algum aplauso por pena foi a vez de um conjunto de pessoal asiático e africano, que tocaram uns covers, e uma rapariga da Malásia que cantou “Crazy” do Knarl Bargles (não, não é isso, fui agora ver e é Knarles Barkley que eu quero dizer, estou pior, estou...Barles Knarkley, Barg Knarley...Knob Gnarley...também, que raio de nome), e o melhor foi sem dúvida o meu esposo, - e não sou nem um bocadinho parcial - que cantou Sweet home Alabama (devem ter adorado a parte do “Lord, I’m coming back to you...”), foi pena não haver tempo para mais...Queria que ele ainda tocasse o Mr.Jones...
Quando acabou ainda fomos a um bar grego, chamado Yia Mass, com a Marie e o Bjerke, a Claire, o Imran, a Ruth e uma rapariga japonesa cujo nome esqueci, pois sou uma mal-educada e tenho muita dificuldade com os nomes extra-europeus que também não sejam Americanos. Ficámos à volta de uma mesinha que depressa desalpinou dali, pois o Filipe e o Imran precisavam de fazer a dança do ventre e outros movimentos pouco ortodoxos e hilariantes, quase morremos a rir.
Considerando que no primeiro dia não pareciam muito entusiasmados um com o outro, após terem feito Yoga juntos, mais o Pedro e um rapaz chinês, (que até então nunca tinha dito uma palavra, na minha presença), aqueceram bastante.
Fica uma imágem mental de três seres do sexo masculino encostados à parede da sala, a tentarem ficar perfeitamente direitos. “Do I look natural to you???”, perguntava o Pedro, enquanto esticava o peito tipo super-homem... A Ruth, que parece muito tímida, também se revelou, o Bjerke, que é um dinamarquês gigantesco, nem cabia dentro daquela parte do bar, tinha que dançar sentado ou corcunda, o Filipe ao pé dele parecia mais largo do que alto, e o resto do pessoal parecia palitos partidos.
O Filipe foi-se embora muito cedo, mas como já sei que voltará nas férias da Páscoa, não custou assim tanto.
Não tomei pequeno-almoço, pois tinhamos sido todos convidados para um almoço de estudantes internacionais, nativos, e visitantes, numa, imaginem só, igreja. Eu a princípio não quis ir, pois tinha alguns restos de pouca vergonha agarrados ào fundo do meu ser, e parecia-me mal e hipócrita ir lá à igreja sem ter a mínima ideia de me afiliar nela, nem nesta vida nem na próxima, mas após a Claire me dizer que as sobremesas eram absolutamente de morrer por mais, e após, em adição a esse argumento (já de si muito convincente), ter descoberto que todos os muçulmanos e hindus convictos estavam prontinhos para ir, perdi a vergonha.
Deixei a decência de molho em água quente, e daqui a und dias raspo-a com um esfregão de aço, vai ralo abaixo, e começo a ir à sopa dos pobres e a pedir subsídios, sob a pretensão de ser uma mãe desempregada com trigémeos, um marido alcoólico, um cão alcoólico também, a tomar conta das minhas três avozinhas paralíticas, cegas e com Tourette syndrom. Ah, e o meu canário é HIV positivo.
As sobremesas eram realmente muito boas, comi cheesecake, pavlova, salada de fruta, bolo de chocolate, bolinhos de rice crispies, e já não tive espaço para o trifle nem para um bolo de mel...
Depois do almoço fomos com a Claire ver um filme japonês, num cinemazinho que passa filmes independentes. Eu nunca tinha visto nenhum, tinha legendas, claro está, e gostei bastante. É muito diferente dos filmes que estamos habituados a ver, e há umas paisagens lindas, no Japão, eu tinha a ideia errada de que não havia lá nem um metro quadrado de terra que não estivesse cheio de ecrãs plasma, telemóveis, e pessoas de cabelo cor-de-rosa...Chama-se “Canary”, o filme, e é sobre um casal de irmãos, separados por causa da sua mãe psicótica que se filia numa seita religiosa, chamada “Nirvana”. Se puderem ver, façam-no.
Ainda jogámos um bocado de ping-pong, eu e a Claire, para desmoer as calorias, mas acho que assim não me safo, vou ver se começo a jogar basquete, às sextas-feiras, com uma rapariga alemã que conheci no BISC, senão vou ficar barriguda, a minha pior paranóia. Magrinha tudo bem, mas magrinha e pançuda é que não, e infelizmente é só nesse sítio é que engordo. Se havia de criar um rabo de Jennifer Lopez, não: fico com pançinha de sapo...Isto é justo?
2 comments:
É Gnarls Barkley :P e Metallica vem cá a Portugal dia 28 de Junho *salta e dança com o teu irmão gadelhudo*
E a parte do 'keep thy religion to thyself' não podia ser mais verdade ^^ como eu costumo dizer, 'music was the best thing ever invented by mankind; religion was the worst' ;)
Olá minha amiga
Estou feliz por rever-te.
Continua com essa energia magnifica e vive intensamente todos os momentos. Saboreia!
Mil jinhos para ti e para o Filipe.
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